Vacinas e turismo: entenda os critérios adotados por cada país na reabertura
O anúncio da abertura de fronteiras para o turismo internacional por parte de destinos importantes como Suíça, França e Canadá reacendeu o debate sobre uma possível seletividade de vacinas para a entrada em destinos turísticos. Os critérios adotados até o momento para aceitar turistas vacinados levam em conta as aprovações de imunizantes por órgãos como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ou pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E é justamente esta diferença de critério que vem causando receio por parte de turistas brasileiros.
Primeiro país europeu a abrir para turistas vacinados, a Suíça decidiu aceitar todas as vacinas aprovadas pela OMS, o que inclui os imunizantes da Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca (lotes da Índia e Europa), Janssen (Johnson & Johnson), Moderna, Sinopharm e Sinovac (Coronavac). Destas, apenas Sinopharm e Moderna não são utilizadas no Brasil.
A segunda abertura significativa foi a da França, que optou por um critério misto. Além de aceitar as vacinas aprovadas pela EMA para constarem no Certificado Digital Covid, o passaporte da imunidade utilizado na União Europeia, casos de Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca (versão europeia), Janssen (Johnson & Johnson) e Moderna, o país liberou também a entrada de turistas imunizados com a Covishield, versão da AstraZeneca produzida na Índia, ainda não aprovada pela EMA. No Brasil a vacina é envasada pela Fiocruz.
Outro destino de destaque, a Espanha anunciou esta semana que aceitará a entrada de familiares de cidadãos espanhóis e portadores de visto de longa duração, incluindo estudantes. Para estes casos, será aceito o comprovante de vacinação com qualquer um dos imunizantes aprovados pela OMS.
O mesmo critério de vacinas foi adotado pela Finlândia, que abriu fronteiras para todos os turistas vacinados.
PAÍSES QUE ACEITAM TURISTAS VACINADOS
EXISTE UMA REGRA GERAL?
Os 27 estados-membros da União Europeia fizeram um acordo em relação a orientações comuns a serem adotadas nessa reabertura. Nesse sentido os países da comunidade decidiram que seriam aceitas todas as vacinas aprovadas pela EMA.
No entanto, a Comissão Europeia definiu que países têm liberdade para permitir a entrada de pessoas vacinadas com imunizantes que ainda não foram autorizados na UE, mas que concluíram o processo de Lista de Utilização de Emergência da OMS, o que inclui todas as vacinas aplicadas Brasil atualmente.
Em outros continentes os critérios também variam. Enquanto alguns países optam por aceitar todas as vacinas aprovadas pela OMS, como Marrocos e Egito, outros seguiram o critério do órgão local de saúde como Catar, que excluiu neste primeiro momento a Sinovac/Coronavac e o Canadá, que restringiu sua reabertura, em setembro, a turistas vacinados com imunizantes de Pfizer, Janssen, AstraZeneca/Covishield e Moderna, os mesmos aceitos nas Bahamas.
O OMS já se manifestou publicamente pedindo a países que aceitem viajantes imunizados com qualquer uma das seis vacinas aprovadas pela entidade. Nas últimas semanas, a entidade foi além, e desaconselhou exigir comprovante de vacinação para turistas. Os especialistas da organização afirmaram que a vacinação não deve ser a única condição para permitir viagens internacionais, devido ao acesso global limitado e à distribuição desigual das vacinas, o que pode gerar uma liberdade de movimento desigual.
EUROPA E PORTUGAL
Na Europa, a vacina da Sinovac (Coronavac) se encontra em fase de “revisão contínua” desde maio. A agência iniciou o que chama de “análise em tempo real de dados sobre a segurança, qualidade e eficácia”.
Enquanto ainda é aguardada uma aprovação em nível continental, países do bloco já se mobilizam para aceitar vacinas aprovadas pela OMS. O principal exemplo é Portugal. De acordo com a rede de televisão portuguesa SIC, a Autoridade Nacional do Medicamento de Portugal decidiu reconhecer as vacinas da Sinovac (Coronavac) e a Covishield, versão indiana da AstraZeneca. A autorização será oficializada pela Direção Geral de saúde do país.
O reconhecimento das vacinas acontece dias após a visita ao Brasil do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Em encontro com representantes da Casa de Portugal, realizado em São Paulo, Sousa revelou que já aconteceu uma reunião entre representantes dos países para formalizar um acordo de reconhecimento das vacinas. O chefe de estado também sinalizou para o fim da exigência de quarentena obrigatória.
ESTADOS UNIDOS
Fechados para turistas europeus e brasileiros, os Estados Unidos ainda não anunciaram regras ou possíveis restrições para turistas em uma eventual reabertura, mas já sinalizaram que isso não deve passar por exigência de vacinação. “Eu diria que não é nossa intenção” afirmou a secretária de imprensa Jen Psaki, quando questionada sobre uma possível exigência de vacinação para turistas internacionais, durante coletiva de imprensa realizada no fim de junho.
No entanto, uma notícia divulgada na noite da última quarta-feira (4) pela agência AFP revela que a Casa Branca já cogita uma abertura para turistas totalmente vacinados, medida ainda não confirmada oficialmente pelo governo dos EUA.
ALÉM DA VACINA
Apesar de países anunciarem a abertura para turistas vacinados, alguns ainda estabelecem restrições para brasileiros, exemplos de Grécia, Croácia e Israel. Outros destinos como Países Baixos, Alemanha, Dinamarca e Áustria ainda proíbem viagens de turistas de fora do espaço de Schengen. Outros destinos como México e Colômbia não contam com restrições para turistas brasileiros. Outras nações ainda estão restritas a viagens essenciais ou exigindo quarentena e testes PCR negativos na chegada.
VACINAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO
No Brasil, a maioria das doses de vacinas aplicadas é da AstraZeneca (48,2%), seguida por Coronavac/Sinovac (37,1%), Pfizer (11,7%) e Jassen (3%), de acordo com Dados do Ministério da Saúde.
No mundo, a vacina mais aplicada também é a da AstraZeneca, utilizada em 181 países, seguida por Pfizer em 111, Sinopharm e Moderna, ambas utilizadas em 64 países, Sputik V, em 50, além de Sinovac/Coronav e Jassen aplicadas em 38 países. Os dados são do painel desenvolvido pela London School of Hygiene & Tropical Medicine.